A fraude da republica, a fraude da democracia, resumindo, trata-se de como trair e depauperar um povo e um território outrora grandiosos.
Um verdadeiro império do bem, um exemplo para o resto do mundo, talvez por isso estejamos hoje a pagar este preço, talvez demasiado elevado por termos sido bons, muito bons mesmo!
Tivemos na I republica exactamente o mesmo que hoje temos, mas com uma agravante, estamos hoje reduzidos a 4% do território que detínhamos na altura, outra agravante, temos hoje um povo completamente rendido e apático, incapaz de fazer sacrifícios, um povo que esqueceu o sentimento pátrio, o sentimento de nação, um povo sem valores, um povo que renega o passado, que renega os seus idos...
Vergonhoso!!!
«Entre a proclamação da República, em 1910, e o levantamento militar de 28 de Maio de 1926 - mediaram dezasseis anos. A erosão política dos últimos anos de governo monárquico e a demagogia vivida, atrabiliariamente, nos dezasseis anos de república parlamentar e de luta partidária que se lhe seguiram, deixaram para sempre profundamente marcados os destinos da grei portuguesa. Na verdade, de 5 de Outubro de 1910, ao movimento de Gomes da Costa, em 1926, tudo se limitava, em termos políticos, e em última análise, "a cair do poder a demagogia e a reassumir a demagogia o poder".
A ditadura militar do 28 de Maio de 1926, diga-se o que se disser, impôs-se por um imperativo nacional. Não era um País consciente e responsável que existia então - mas um projecto, uma caricatura de país. Empobrecido, arruinado, sem um resquício de dignidade nacional, nada mais restava aos portugueses que o opróbrio, a ignomínia e a vergonha!
Muitos daqueles que hoje tanto se cansam em lembrar práticas condenáveis de um passado recente, nem sequer eram nascidos à data dos últimos anos da I República - razão por que não podem avaliar, no mínimo que seja, até que ponto desceu entre nós o sectarismo político, o ódio, a perseguição cega, o saneamento selvagem, em todos os escalões da vida social, a prisão indiscriminada e até o assassínio "glorificado" de grandes vultos da própria República - como os de Sidónio Pais, Machado dos Santos, Carlos da Maia e António Granjo...
Não era a nação e o interesse do povo português que mais interessava defender. Numa primeira linha de preocupações, o que interessava à pletora de partidos existentes era satisfazer as exigências das suas clientelas e os compromissos com elas assumido. A incompetência levada desse modo a todos os níveis da governação, tornou-se assim a grande e irreversível conquista da república nova e com ela a desgraça e a desventura do País, bem depressa transformado em campo raso de mesquinhas ambições. Chegara-se de facto ao zero da escala. Dezasseis anos de desordem e de anarquia, de revoluções por dá cá aquela palha, de pronunciamentos militares constantes, haviam conduzido o País à mais afrontosa degradação política, à sua completa ruína, à bancarrota...
Poder-se-á fazer ideia de quanto havia que empreender para restaurar económica e financeiramente o corpo exangue da nação. As tarefas cometidas à ditadura militar de 1926 e ao regime autoritário que se lhe seguiu, não foram como se deve calcular, nem poucas nem fáceis. Muitos sacrifícios foram sem dúvida impostos ao povo português. Era-se obrigado a partir do nada, do zero absoluto, estancadas que estavam todas as fontes de rendimento. A obra de restauração económica e financeira do Estado, iniciada em tais condições de penúria, ficará assinalada para sempre como uma pedra branca na história política do País».
João M. da Costa Figueira («25 DE ABRIL. A REVOLUÇÃO DA VERGONHA»).